quarta-feira, 12 de setembro de 2012

Relato Encontro COE


Relato da juventude presente no Encontro das Comissões Organizadoras Estaduais – COE - da IV Conferência Nacional Infanto-Juvenil pelo Meio Ambiente - IV CNIJMA

O encontro das COEs (Comissões Organizadoras Estaduais) para a IV Conferência Nacional Infantojuvenil pelo Meio Ambiente, aconteceu no período de 29 a 31 de agosto de 2012.
Participaram desse encontro todos os Estados Brasileiros (com exceção do estado do Pará). As equipes estavam formadas por 04 membros, sendo um representante da SEDUC (Secretaria Estadual de Educação), um representante do CJMS (Coletivo Jovem de Meio Ambiente), um representante da UNDIME (União Municipal dos Secretários de Educação), e representantes de outros segmentos, que também compõe as COEs, responsáveis pelas conferências dentro de seus estados.
Durante esses 04 dias, nos foi apresentado o histórico das conferências anteriores, também realizaram uma simulação do processo mostrando como elas deverão acontecer dentro das escolas, houve ainda a oficina do futuro.

Ainda assim, questões relacionadas a organização estadual permaneceram muito vagas, no sentido de não existir um suporte necessário para a realização efetiva do processo  dentro das escolas, tanto no sentido pedagógico das conferências quanto no sentido burocrático. Pois não há previsão para a chegada do material nas escolas, nem o repasse das verbas para os estados,  causando insegurança nas COEs para iniciarem as atividades, ainda assim  os estados tem até junho de 2013 para realizar a etapa regional/ estadual.
O que foi possível perceber foi a diferença de níveis de avanço no processo por estado. Por exemplo o Mato Grosso do Sul, já iniciou a oficina preparatória aos professores, enquanto alguns estados, como o Maranhão nem conseguiram repasse de verba, pois não prestaram contas na edição anterior. Há estados em que a equipe ainda é nova e está entrando no processo agora, e ainda não entende como funciona a metodologia pedagógica das conferências, os princípios, os ganhos para o aluno, a união dos segmentos pelo objetivo comum, etc. Em outros há desinteresse da COE  culminando inclusive em “dificultadores” do processo, como o não repasse de informações para os interessados.
A UNDIME também demorou a entender o seu papel na história, e talvez alguns representantes de estado tenham saído do encontro sem entender seu campo de atuação.
Desde que iniciaram as primeiras  conferências, se utiliza um mecanismo pedagógico diferente, o que causa muitas dúvidas, tendo em vista que a proposta ainda não é utilizada nas redes de ensino formal, e não houve nenhuma  capacitação, deixando a responsabilidade aos estados, onde muitos nunca vivenciaram isso. O único preparo que os estados receberam é a visita do enraizador , e esse encontro  não teve aprofundamento na metodologia de trabalho.
Nessa nova edição, há algumas inovações se compararmos as anteriores, por exemplo, ao invés do aluno escrever uma proposta, as escolas devem montar um projeto de escola sustentável, esse projeto deve seguir o modelo proposto pelo MEC, que os estados só terão conhecimento após a chegada do material. Depois, cada estado deve levar para a etapa nacional 4 melhores projetos e seus respectivos delegados. O que não está definido é como acontecerá a etapa nacional, o que será vivenciado, qual a intenção de trazer os delegados a esse encontro com os respectivos projetos. 
Nós do CJ, consideramos que as oficinas de com-vida poderiam ter sido realizadas por nós, tendo em vista que sempre desenvolvemos esse trabalho, e o MEC sabe disso, ainda assim não articulou conosco esse processo, dessa maneira ficaria mais visível a  atuação dos CJs, o preparo e amadurecimento que temos para a participação efetiva no processo. Isso porque haviam instituições como a UNDIME e outros membros das COEs, que não conhecem efetivamente a atuação do CJ. Se isso fosse bem realizado por nós, poderíamos ter  ganho confiança daqueles que têm construído paradigmas desfavoráveis à juventude, o que nos seria uma vitória.  Afinal quase 10 anos da primeira conferência e o CJ sempre esteve atuante e realizou suas atividades com competência e responsabilidade, propondo novas ferramentas pedagógicas, onde o processo é amplamente participativo, o que deu muito certo em resgatar o interesse do aluno pela escola e serviu sempre de exemplo para que os “delegadinhos” se espelhassem em nós e dessem continuidade em suas ações quando retornassem a sua localidade. Isso nos recorda Annanandy, Lenilton, Nadson, Caio, etc, e outros tantos ex-delegados hoje CJs atuantes em suas regiões.
E nessa IV Conferência está sendo investido mais dinheiro, e os estados estão entrando de cabeça na história, por esse fato muitos estão deixando de lado o papel do CJ. Durante esses quatro dias tivemos que buscar espaço no debate, do contrário, já teríamos ficado fora das Conferências.
No dia 30 as COEs se dividiram por setores, então o CJ realizou a sua reunião.
Na reunião do CJ estiveram presentes os representantes do MEC, Nayara e Cristiano, bem como em cada reunião setorial houve a presença de um representante do MEC. No início ficamos bem incomodados com a ideia da nossa reunião ser acompanhada, mas depois com o andamento, a conversa foi proveitosa, pois ficou esclarecida muita coisa, ainda assim, havia muito pouco tempo para que cada um falasse, e o MEC tomou muito espaço nas respostas, que nem eram questionamentos a eles, e sim uma auto-reflexão de nosso grupo, para muitos, foi mais um ato diplomático do governo federal, do que uma conversa participativa.
Determinamos que todos poderiam falar, e limitamos um tempo de 5 minutos (devido o horário da janta), Cintia fez inscrições e Lorenza cuidou do tempo, o que não foi respeitado pelo pessoal do MEC.
A reunião iniciou com algumas perguntas provocativa que é um questionamento coletivo: Qual nosso papel? Assumiremos o compromisso junto ao MEC? O que ganhamos com a nossa participação? Queremos isso?
Uma pauta bem debatida foi o financiamento das atividades do CJ. A Nayara explicou que todos estados (com exceção do Maranhão) receberam recursos para pagamento de ministrantes ( e que talvez pudessem se enquadrar o CJ), porém foi colocado que a pessoa contratada deve ter graduação e comprovantes (títulos ou publicações) para sua contratação. Uma saída sugerida foi uma parceria entre o contratado (com titulação comprovada) e o CJ. 
Uma outra sugestão para repsse de recursos ao CJ é fechar parcerias com associações, ongs etc. 
Muitas falas vieram no sentido de que quem quer estar no processo na maneira que é (quase sem grana), está pela causa, pelos ganhos coletivos e individuais, pelo crescimento pessoal e profissional. Porém, não deixamos de cobrar compromisso e atenção do MEC para com o CJ. Foi feita uma clamação por legitimação verdadeira, não somente para gringo ver (como a que foi feita no encontro do Rio, antes da Rio+20).
Nessa reunião, deixamos claro que sabemos, e muito bem o que estávamos fazendo lá, compartilhamos aflições, problemas e soluções, percebemos que somos um grupo informal, mas que vem ocupando espaço dentro do poder público e aonde o estado não atua (mesmo sendo sua função), dessa forma percebemos nossa importância no processo histórico de mudanças na educação e na estrutura de políticas públicas no país, com ações efetivas de resgate cultural e artístico, visando assim a evolução de nosso povo, que vem perdendo força pela globalização da inteligência, que não respeita as culturas tradicionais e regionais, sendo o CJ  um dos movimentos mais importantes nessa luta dentro de nosso país. 
Dessa forma fazemos dessa carta nossa voz nacional, para mostrar a nossa visão em relação ao encontro, e trazer ao conhecimento de todos nossos anseios e atuações, exigimos ainda que o MEC seja mais claro e menos diplomático na conversa com os CJs, pois queremos a garantia de nossa participação em todo o processo, pois quando a coisa saiu da burocracia e da teoria e foi para a escola, quem sempre esteve lá eram os CJs, e não queremos manter a posição de mão de obra voluntária, da mesma forma que nossa luta não é por salários ou cargos, e sim que tenhamos um mínimo de respeito por nosso trabalho, que façam com que cada estado garanta a participação dos Cjs, que tenhamos o mínimo de condições para realizar as conferências.

Ainda avaliamos que mesmo com toda vontade de falar ou até mesmo de discordar do outros, realizamos este momento de reunião infinitamente mais prazeroso, proveitoso,  compartilhado e organizado do que os momentos com a plenária, Esta, muitas vezes, ou até mesmo em sua maioria, se comportava não ouvindo e deslegitimando a fala do outro com interrupções e muitas vezes pessoas falando ao mesmo tempo. Acreditamos que poderia ter tido uma vidraça e  eles aprendendo conosco. Houve uma apropriação por parte dos organizadores com o os princípios das conferências, que é base para toda a vida cotidiana e de ações dos CJs, que são:

Jovem escolhe jovem
Jovem educa jovem
Uma geração aprende com a outra

Esperamos que essa carta/relato esteja clara em relação aos nossos anceios, nossas incertezas e certezas, nossas angústias, e principalmente nossa forma colaborativa, compartilhada e amorosa com que fazemos nossas ações.

Padre Bernardo, 31 de agosto de 2012.

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